Conheça a joia identitária e quem são os novos talentos que estão trazendo frescor ao mercado
Por Marcia Croce, diretora Da DGNG Design & Negócios, consultoria especializada no setor joalheiro
Um dos muitos atributos do Brasil é a sua criatividade, que vemos aplicada em muitos setores, principalmente na joalheria. A cultura do design nas nossas joias é muito admirada mundo afora. Diversos são os talentos criativos brasileiros reconhecidos e premiados.
Como uma consultoria que atende a essa indústria, a DGNG Design & Negócio tem seu radar ligado em diversas marcas e profissionais, tanto do Brasil quanto do exterior, acompanhando seu desenvolvimento. E um dos movimentos que está se consolidando é o da criação da joia com um propósito muito além de um simples adorno estético.
As joias têm diversas funções. Além de adornar, historicamente, elas já reinaram como elemento de distinção, status de poder e riqueza, demonstração de fé, poderes místicos, entre outros. Mas agora, se desvencilhando de todas essas finalidades, vem surgindo uma joalheria muito mais “ampla individualmente”. Parece contraditório, né? Mas não é, e eu explico.
Hoje a joia está associada à representação da identidade de quem a usa. É um objeto de expressão. Sua percepção de valor é muito superior ao dos seus materiais nobres. Claro que o ouro, a platina e as pedras preciosas endossam a expressão de empoderamento, mas, para a mulher que a está vestindo, o significado de autoexpressão é muito mais importante.
E é exatamente isso que uma nova geração de joalheiros está trazendo: um trabalho mais autoral, autêntico e genuíno, mas totalmente vinculado ao objetivo de tornar cada mulher única. É a cultura do design com foco na identidade que ganha protagonismo durante o processo criativo desses profissionais.
Para quem é essa nova joalheria?
Para as mulheres de atitude! Para aquelas que querem se comunicar e contar a sua história por meio da sua imagem. É por isso que elas buscam uma joia alinhada aos seus respectivos estilos de vida, pensamentos e conceitos em que acreditam. Elas não querem o comum. Muito pelo contrário, elas querem uma joia que enalteça a sua personalidade.
Ao vestir uma peça arrojada, imprevisível e até mesmo fora dos padrões estéticos comum, a mulher se posiciona de uma forma diferenciada, se distinguindo de qualquer outra pessoa.
A joia do futuro
Muitos dos meus recentes trabalhos de desenvolvimento de branding e de produto na DGNG têm sido os que têm como objetivo valorizar a individualidade do público que vai vestir as joias. Por isso, acredito que a joia do futuro é aquela que, cada vez mais, trará originalidade, seja na forma de uso, na composição dos materiais, na mistura com outros elementos, entre tantos outros.
É importante chamar atenção que este novo cenário também traz à tona uma reflexão diferente na forma como a mulher vai escolher a joia. A partir do momento em que a seleção é baseada no íntimo da pessoa, aquelas argumentações como “se a peça combina ou não com a roupa” deixam de fazer sentido. A mulher passa a enxergar a joia muito mais associada ao território artístico e conceitual do que como um simples objeto de enfeite.
Se eu pudesse deixar uma dica para o leitor, eu diria que, na hora de escolher uma joia, busque entender qual é a história que ela carrega e, principalmente, como ela vai interagir com você, de que forma ela fará parte da sua vida e poderá contar sobre você. A joia que tiver repertório para responder a tudo isso certamente é a que mais te representa.
Quem são os novos talentos dessa joalheria identitária? Muitos estão na nova safra de joalheiros que estão trazendo um frescor ao setor. Nesta edição, destaco três dos que estão alçando a joalheria contemporânea a um novo patamar artístico e de expressão.
Anthony Garcia é o diretor criativo da marca L/Dana. Para ele, a joia é um meio de comunicação e, por isso, uma maneira de emocionar, educar e marcar pessoas. Ele sempre parte de uma obra clássica do teatro para criar uma coleção. Ao extrair profundamente os sentimentos, os dilemas, as tragédias e os dramas humanos que permeiam o enredo, ele busca os pontos de identificação e estuda como eles transcendem décadas, séculos e milênios, podendo dialogar com os dias de hoje. Com qual objetivo?
Fazer as pessoas repensarem, ou terem um segundo olhar, sobre o presente, passado e futuro. E o resultado de como ele materializa uma pesquisa em uma joia é sensacional. Você praticamente “sente” a joia e toda a história que está por trás. É como apalpar um conceito, um sentimento, mas com uma narrativa totalmente contemporânea.
Beatriz Tambelli é a designer por trás da marca homônima Bia Tambelli. Sua joalheria é marcada pelo imprevisível. Desprendida de qualquer convenção ou tendência, sua essência criativa reflete sua filosofia e seus propósitos pessoais de vida. Sua arte parte de estudos de arquétipos para ativar o subconsciente coletivo em prol de uma evolução e autoconexão com a fonte que nos gerou. Tudo isso é ainda associado ao poder dos minerais que, por meio de sua ressonância, nos ajudam a bloquear os efeitos nocivos oriundos da toxidade eletromagnética a que estamos expostos diariamente. Por seguir exatamente o que acredita e ser fiel à sua realidade, ela buscou técnicas próprias de joalheria, se distanciando das clássicas.
Camille Vedolin é a designer da marca Camille Voll. O traço mais marcante da sua criação é a fluidez das formas. A organicidade é o fio condutor do seu desenvolvimento: ela pensa a joia no corpo e daí parte para o processo de concepção de trás para a frente. Algumas das suas peças você só entende a proposta depois que as veste. Muitas têm seu padrão de uso rompido e formato estético nada convencional. Camille é uma mulher de atitude que cria joias para outras mulheres de atitude que estão vivendo sua plenitude, assumindo seu corpo e suas formas. E, neste sentido, a joia é o elemento de fusão entre essa sensação de autossatisfação e a pele.
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