Baume & Mercier – Hora de ousar

Baume & Mercier – Hora de ousar

Maxime Ferté, diretor comercial da maison, prega a ousadia para ganhar mercado.

Por Mario Ciccone

O francês Maxime Ferté, 41 anos, conhece o Brasil muito bem. Assim como está familiarizado com a China, a Europa e os Estados Unidos. Roda o mundo desde criança, quando seus pais trabalhavam em hotelaria. Na vida adulta, também seguiu mudando de casa, de cidade e de país. Desde que começou no grupo Richemont, em 2000, foi um autêntico missionário da alta relojoaria – com muitas horas trabalhadas para Cartier, Vacheron Constantin, Piaget, IWC e Roger Dubuis. Há dois anos, tornou-se diretor comercial internacional da Baume & Mercier. É o segundo na escala de comando na companhia. Apaixonado por carros e por tudo o que tenha motor, já chegou a pilotar um monomotor Cessna 172 em voos curtos entre Miami e as Bahamas. Sua missão também é segurar o manche da marca para voos cada vez mais altos. “A fórmula? Pensar fora da caixa, ousar”, afirma Ferté, com especial orgulho pelo relógio lançado em parceria com a Shelby, lendário ícone das ruas e das pistas.

Como é ser um cidadão do mundo?
Desde que nasci, mudo de país a cada dois anos. Meus pais trabalhavam em grandes redes de hotéis, como Intercontinental e Le Méridien. Vivi a vida toda fora da França. Só voltei a Paris para cursar a faculdade. Depois iniciei meu trabalho na Cartier e em outras marcas da Richemont, viajando o mundo inteiro. Sou casado com uma chinesa que viveu em Hong Kong e no Canadá. Meu filho nasceu em Hong Kong, vivia em Dubai e depois foi para Genebra. Ele tem três passaportes. Falo inglês com minha mulher e francês com meu filho, que fala chinês com a mãe.

Como foi assumir a Baume & Mercier?
Passo o tempo todo viajando pelo mundo. As missões são diversas, como montar equipes de vendas e buscar novas parcerias. Um bom exemplo foi criar uma joint venture na China com a gigante de joias Chow Tai Fook, importantíssima para a distribuição local. Além disso, incentivei o “pensar fora da caixa”, a ousadia. Tivemos de mudar as campanhas e lançar coleções renovadas.

Com você define a Baume & Mercier?
Por definição, é a marca ideal para educar ao mesmo tempo o público e os revendedores. Ela é uma porta de entrada para o grupo. O cliente final começa a entender a alta relojoaria por meio dela, enquanto o joalheiro entende a melhor forma de vender primeiro bons relógios automáticos de 2 mil euros para depois passar a peças mais elaboradas.

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O modelo em parceria com Shelby foi o ponto alto do seu início de gestão?
O trabalho com a Shelby foi uma história de amor. Sempre quiseram uma parceria de carros e relógios, mas a Baume & Mercier nunca havia feito. Por acaso, estávamos na Califórnia e fomos apresentados aos administradores da Shelby Company. As pessoas certas estavam no lugar certo. A data foi a melhor possível: o cinquentenário da vitória de Carroll Shelby no Campeonato Mundial da Marcas. Foram dois modelos Capeland Shelby Cobra de edição limitada (1.985 cronógrafos e 98 peças de ouro rosa). Têm um desenho fantástico, inspirado no couro preto, nos detalhes vermelhos e nos ponteiros. Foi um grande case de mídia internacional.

Carros também são a sua paixão?
Sem dúvida, exatamente como um garoto que não conhece muito de mecânica, mas adora empurrar seu carrinho e depois quer ter um esportivo. Aliás, gosto de tudo que tenha motor. Também sou piloto de avião. Tirei brevê para Cessna 172 (monomotor de quatro lugares), mas não renovei. Na época, morava na China e lá era mais difícil de entender tudo. Mas costumava voar de Miami até as Bahamas.

Cobra publicity, Venice, CA, 1963. Carroll Shelby at the wheel of a new Cobra production car. CD#0777-3292-0895-13.

Qual linha faz mais sucesso no Brasil?
Assim como o restante do mundo, o grande sucesso aqui é a linha Classima, porque engloba todos os valores da marca. É clássica e elegante. O segundo lugar é da Clifton, que é outro relógio clássico redondo com um desenho um pouco distinto que dá uma alternativa ao público. O Hampton é o mais conhecido pelas mulheres porque vem com bracelete, enquanto o Capeland faz o gênero esportista. Mais resistente, ele é apropriado para o pulso de tenistas, por exemplo.

A Baume & Mercier terá uma boutique no Brasil?
Ao contrário das demais marcas da Richemont, esse não é nosso objetivo agora. Queremos deixar claro aos nossos representantes que não teremos uma boutique para concorrer com eles. Se isso mudar, procuraremos um parceiro local. Se algum parceiro brasileiro quiser dar mais visibilidade à marca, conversaremos com muito prazer. Este é o momento para a Baume & Mercier se apresentar de maneira mais agressiva.

Como dar essa agressividade a uma marca low profile?
Primeiro buscamos ideias como as do Shelby para as novas coleções. Precisamos ter linhas femininas fantásticas e buscar novas maneiras para dar um toque mais sexy. Esse é o mote. Não chega assim: num estalar de dedos. É preciso buscar, ter planos e ideias. E nossas equipes de marketing estão trabalhando muito nesse sentido. (MC)

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