Parcerias estratégicas

Saiba o valor de estabelecer alianças no mercado

Por Alexandre Velilla Garcia, CEO do Cel.Lep e sócio-fundador da construtora QUEST e da Flex Interativa

Quem nunca ouviu a expressão “a união faz a força”? Apesar do clichê, ela representa com fidelidade a importância de firmar parcerias quando o assunto é inovação e crescimento. Em um universo cada vez mais competitivo, compartilhar conhecimento e acelerar projetos pode ser o fator-chave de uma provável mudança de patamar da empresa.

No entanto, você pode se perguntar: se ter parceiros é tão bom, por que tantos empresários ainda hesitam em sair do lugar comum e abraçar esse leque de possibilidades? A resposta está nos obstáculos de sair da zona de conforto e aceitar riscos. O medo é um dos maiores empecilhos. É preciso destacar que esse receio não tem fundamento teórico. Muito menos prático. Afinal, a reunião de diferentes visões de mundo e de propósito organizacional pode ser uma grande vantagem.

Ao pé da letra

Quando paramos para observar a terminologia da palavra “parceria”, identificamos aquilo que serve como parâmetro para qualquer tipo de cooperação entre empresas. Eis o mote: reunião de indivíduos para alcançar um objetivo comum. Em resumo: todo pretexto para a colaboração entre duas partes tem a finalidade de fomentar situações em que ambas possam sair ganhando e, no limite, conquistar resultados.

Se no imaginário é assim que funciona, como aplicar esses conceitos na prática, no cotidiano empresarial repleto de vários desafios? De início, é essencial fomentar um novo tipo de modelo de gestão, com uma cultura interna que priorize hábitos colaborativos, inclusive entre empresas de setores distintos e com culturas diferentes.

Nessa etapa, o papel do CEO é muito importante. Ele é o líder e a referência. Com os pilares internos construídos, a adaptação de sua empresa a influências externas será muito mais natural e harmoniosa. Isso garante a aceitação total e a captura dos benefícios.

Métodos diferentes x Objetivos semelhantes

Uma parceria entre marcas, quando firmada, tem o potencial de abrir inúmeras portas. Além disso, novos métodos de trabalho são agregados. Esse compartilhamento vai além do enriquecimento profissional. Trata-se da obtenção de uma visão macro do mercado e também de soluções inovadoras e até disruptivas. O simples fato de ter sua empresa associada a outra companhia já pode aumentar a visibilidade de seu negócio de forma considerável.

Além disso, é possível projetar uma movimentação intensa no volume de potenciais clientes. Afinal, você poderá ofertar seu produto ou serviço para os públicos de seus parceiros. Portanto, um modelo renovado de comunicação e marketing deverá ser considerado. Outra tendência é a otimização dos processos internos, devido ao auxílio que empresas parceiras deverão trocar entre si.

Conclusão

Simplificar caminhos e construir pontes acelera o crescimento, fortalecido por inovação e excelência. Mas tal estratégia deve passar, obrigatoriamente, por três atributos: perspicácia, ousadia e determinação.

Saudade da magia

Disney World de Orlando inicia reabertura para o público americano. Muitas atrações e hotéis só retornarão no ano que vem

Por Hélio Cabral Júnior, CEO da DF Business USA

Quem poderia imaginar que os portões da magia estariam trancados, impedindo que milhões de apaixonados atravessassem as suas fronteiras? Pode acreditar: bruxas, princesas e todos os personagens mais queridos do mundo estavam de quarentena. Um castelo inteiro foi fechado para balanço. Sim, estou falando da Disney. Em especial, a Disney World de Orlando, na Flórida, o “quintal” da minha casa.

São bilhões de dólares em prejuízos acumulados, valores que deixaram de ir para os cofres da casa do Mickey Mouse. Boa parte dessa fortuna vinha do bolso de milhares de brasileiros que transitavam por essas terras encantadas. Com toda confusão por trás da pandemia que assola o mundo, enfrentamos desencontros de informações, adotamos protocolos de segurança incertos e fomos submetidos a medidas drásticas.

Entre elas, o fechamento de fronteiras. A liberdade de ir e vir foi tolhida e a realização de sonhos, adiada. A Flórida – e Orlando em especial – tem forte relação com os brasileiros. É possível dizer que pelo menos 15% da receita do estado venha de dinheiro verde-amarelo. Esses valores são injetados no segmento imobiliário, nos mais diversos negócios e no turismo. E entre os destinos mais procurados, a Disney é a protagonista na lista de sonhos dos viajantes. Muita gente deseja viver a magia que somente os parques temáticos proporcionam.

O governo americano comunicou em setembro que irá modificar as restrições de entrada no país. Agora, os voos vindos do Brasil estão liberados para todos os aeroportos dos EUA. Porém, os passageiros precisam ser americanos ou estrangeiros residentes – eles precisam ter visto de trabalho ou possuir o green card.

Apesar do avanço, os turistas ainda não entraram na lista de beneficiados. Ainda assim, a Disney está otimista com essa abertura discreta. O comércio local também agradece. Os lojistas, aliás, foram muito afetados. Eles são o exemplo dramático dessa crise. Bastava caminhar pela International Drive, uma das principais ruas comerciais de Orlando. Centenas de estabelecimentos comerciais ficaram às moscas ou fecharam as portas. Ainda não sabemos quando voltarão aos melhores dias.

Há seis meses, aquele mesmo lugar recebia multidões de turistas. Hoje, o dinheiro circulante é menor. Além disso, há altas taxas de desemprego e o câmbio real-dólar caminhou para um patamar muito elevado. Somado a isso, existe, ainda, a incerteza em relação a uma vacina salvadora. Resultado: estamos apreensivos quanto ao rumo de nossas vidas.

A Disney resolveu retomar parcialmente as atividades. Muitos hotéis ainda estão fechados e não reabrirão antes de 2021. Já os parques estão operando com redução de capacidade, atividades que concentram pessoas – como os shows e queimas de fogos – foram canceladas.

Enquanto os brazucas não retornam, os americanos e moradores locais irão usufruir de uma proposta diferente de parque. Ainda assim é uma opção mágica para toda essa loucura que o mundo vive.

Para mais informações: dfbusa.com.br

O que fazer?

Os erros cometidos por CEOs durante a pandemia têm muito a nos ensinar

Por João Marcio Souza, CEO da Talenses Executive

Em levantamento feito no segundo trimestre deste ano com 103 conselheiros administrativos e consultivos de empresas, muitos foram os “erros” cometidos por CEOs na condução de seus negócios durante a pandemia do novo coronavírus. Entre eles, a demora na tomada de decisões, tomada de atitudes com emoção, centralização da decisão, aversão ao risco e condução excessivamente conservadora diante de oportunidades, descolamento da realidade por meio de otimismo ou pessimismo em excesso.

Os conselheiros e conselheiras comentaram, ainda, sobre os fatores que mais podem influenciar positivamente na performance do CEO durante uma crise. Segundo os entrevistados, ter experiência anterior em crises e comandar uma equipe multidisciplinar seriam bons diferenciais. Além disso, é importante montar um comitê de crise, possuir um conselho administrativo ou consultivo e ter anteriormente um processo de gestão organizado para momentos excepcionais.

Estávamos em março de 2020 e o mundo simplesmente parou. Catatônicos, assistimos o ano desaparecer a olhos vistos e, com ele, nossos planos pessoais e profissionais, nossos sonhos, e nossa esperança de um novo ciclo de prosperidade.

Certa vez, escutei que a definição de crise é quando o “velho” ainda não morreu e o “novo” ainda não nasceu. Portanto, infelizmente, para nós brasileiros, a palavra crise continuará fazendo parte do nosso cotidiano. Além do vírus que destruiu o planejamento mundial, nosso país terá de encarar o imenso “cheque especial” que todos iremos pagar nos próximos anos.

Em treinamentos voltados à alta liderança de organizações, é comum encontrarmos frases do tipo: “A única pergunta estúpida é aquela que não é feita” ou frases como, “O único problema do planejamento é que as coisas nunca ocorrem como foram planejadas”, ou ainda, “Para aprender a ter sucesso, é preciso primeiro aprender a fracassar”, entre outros tantos mantras que autores e lideranças de todas as esferas públicas e privadas consideradas inspiradoras, publicam em seus manuais de autoajuda pessoal ou empresarial para legiões de seguidores que diariamente repetem essas mesmas frases dia após dia.

Dentro deste trágico contexto, o que teriam a dizer agora aos seus seguidores a essas lideranças tão inspiradoras? Além dessa pergunta que me permito fazer, caberiam outras como: será que, ao elaborarem os seus planos estratégicos, governantes, investidores, empresários, executivos, entre outras lideranças, fizeram todas as perguntas certas ou “estúpidas”? Será que previram todos os potenciais cenários em sua gestão de riscos? Será que a liderança contemporânea como conhecemos possui a vivência e a experiência necessárias para administrar um cenário tão adverso?

Seria, então, realmente justo falarmos em erros cometidos pelos CEOs durante a pandemia? Pelo contrário, estamos diante de uma grande oportunidade de analisarmos e aprendermos juntos. Nenhum de nós vivenciou algo dessa proporção. Mesmo assim, recebemos o impacto e, com extrema coragem e determinação, conduzimos nossas vidas e nossas organizações no sentido de sairmos todos “vivos” do outro lado dessa grave crise.

Parecem lógicos e até óbvios os pontos levantados pelos(as) experientes conselheiros(as). Na verdade, eles são mesmo pontos lógicos e compatíveis com a expectativa que tem um conselho aberto ou consultivo em relação à condução estratégica e tática dos negócios por meio das decisões tomadas pelos seus CEOs. No entanto, o que de fato houve não foram erros de condução ou atitude dos(as) líderes, mas sim o impacto devastador do sobrevoo de um enorme “Cisne Negro”. A sombra projetada pelas suas asas escureceu a visão da humanidade. Isso desequilibrou até as mais lideranças mais experientes e inspiradoras.

O fato é que, mesmo com muito mais tempo de experiência profissional e pessoal, também conselheiros e conselheiras, igualmente contemporâneos, nada puderam fazer pelos seus ou suas CEOs, pois também não viveram em suas carreiras e vidas pessoais, um acontecimento de tamanha e tão grave proporção ou impacto. Assim, as contribuições que puderam dar ao apontarem os “erros” cometidos pelos(as) CEOs durante a pandemia, foram exatamente e oportunamente aquelas que, como comentei, considero uma grande oportunidade e o início de um novo ciclo dos indivíduos, das famílias, dos governantes, de empreendedores e da humanidade.

Neste momento, passamos por um amplo processo de introspecção e reciclagem comportamental, estratégica, gerencial e técnica. Isso vale também para CEOs e presidentes. Os seus desafios de hoje, certamente, irão auxiliar os líderes do futuro. As novas gerações e o planeta ganharão com isso.