Novas tecnologias e o interesse do público mantêm vivas as manifestações artísticas
Eric Klug, Presidente da Japan House São Paulo
Todos estamos pensando sobre este chamado “novo normal”, e o mundo cultural – de artistas a grandes instituições, passando por produtores independentes – também está mudando completamente a forma com que atua no dia-a-dia, além de debater questões como sustentabilidade e novas oportunidades no curto, médio e longo prazos.
No passado recente, muitos de nós trabalhávamos aglomerando pessoas para uma experiência íntima e transformadora, agora, a própria ideia de aglomeração e proximidade se torna um anacronismo e fonte de medo. Por outro lado, a cultura se mostra como um dos alentos durante a pandemia. De livros e filmes, a lives e cursos, há uma pujança de ofertas e possibilidades inovadoras que encontraram demanda de já conhecidos e novos públicos.
Para alguns setores esta transição é mais simples, pode-se receber um livro em casa ou baixar a sua versão digital imediatamente, mas concentrar centenas de pessoas para assistirem a uma peça de teatro em um festival configura um desafio muito maior. A pandemia acelerou algumas inovações que já estavam em curso no setor cultural e fomentou outras, afinal, espera-se deste setor a criatividade que já o possibilitou sair das inúmeras crises do passado, ou seja, mais uma demonstração do potencial de renovação constante da área e, agora, em uma velocidade admirável.
Em poucos meses, já observamos alguns ótimos exemplos de alta tecnologia como a Sala de Concerto Digital da Filarmônica de Berlim, as exposições virtuais do Google Arts & Culture em parceria com mais de dois mil museus, além da multiplicidade de lives musicais e até as músicas compostas pela banda de rock, Snow Patrol em conjunto com seus fãs. Também existem ideias que soam como soluções do passado como a peça teatral em áudio The Encounter, do grupo Complicité e os onipresentes drive-ins.
A Japan House São Paulo respondeu imediatamente à nova situação e lançou o #JHSPONLINE com conteúdo inédito e outros revistos para um formato online. Por exemplo, nosso Clube de Leitura, agora em ambiente online, contou com mais de 100 participantes na edição de julho, que abordou o Livro do Chá, escrito em 1906.
Apresentamos iniciativas totalmente inovadoras como a “Experiência JHSP Online: um encontro com o Japão em Casa”, em que participantes receberam em suas casas um kit cuidadosamente embrulhado com a técnica milenar de furoshiki, contendo ingredientes para um evento de gastronomia e mixologia baseado na cultura japonesa. Muitos destes novos formatos nos acompanharão no futuro. Eles não substituem a participação presencial, uma visita virtual não proporciona a imersão de uma visita física, mas possibilitam novas experiências que transmitem de maneira muito potente importantes conceitos da cultura japonesa como Ma, Wa e Wabi Sabi que dificilmente são compreendidos em uma visita, além de estender o nosso alcance a outras regiões do Brasil e outros países. Ou seja, uma reinvenção em um momento crítico como o atual, que trouxe ganhos de novas possibilidades de entretenimento ao nosso público.
Importante ressaltar também a colaboração das empresas que fazem parte de nosso Programa de Mantenedores no desenvolvimento de conteúdo exclusivo dentro do #JHSPONLINE. Convergindo os interesses dessas companhias com a nossa necessidade de prover conhecimento aos interessados pela cultura nipônica, promovemos a webinar “Construções Eficientes: os impactos na saúde e no bem-estar”, em nosso canal do Youtube, juntamente com a Mitsubishi Electric. A Ajinomoto, que também figura entre nossos mantenedores, nos proveu conteúdo sobre curiosidades e informações sobre o universo de alimentação, que é o negócio da Ajinomoto.
Em uma outra iniciativa, teremos a Takasago, companhia de fragrâncias, participando de uma atividade sensorial em uma outra edição da “Experiência JHSP Online: um encontro com o Japão em Casa”. Ou seja, em resposta ao desafio da pandemia, criamos outras formas de visibilidade, reforçando nossa preocupação em sempre gerar valor junto às marcas que nos apoiam, mantendo ativos os parceiros de nosso quadro de mantenedores.
Como sempre, a necessidade da arte se mantém. Os artistas e instituições culturais precisam se adequar às novas demandas para continuarem ativos e relevantes. E isto sempre foi verdade. A música evoluiu do mecenato e concertos em igrejas e salões da nobreza para vendas de partituras para execução doméstica, aos concertos públicos, radiodifusão, mega shows e ao streaming. O cinema passou dos públicos das grandes salas pelo desafio da televisão, ao multiplex e finalmente às empresas de streaming. Mas os ouvintes e espectadores continuam lá, ávidos para que achemos uma nova maneira de lhes dar a música e narrativas que tanto amam e que, por muitas vezes, são responsáveis por trazer sentido e poesia à vida.
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