Este é o início de uma revolução nos meios de pagamento?
por Paula Paschoal, diretora sênior do PayPal Brasil
Os impactos desta pandemia são profundos, e as pessoas que podem estão abrigadas (quase entocadas) em casa, não saem para quase nada. Trata-se de um cenário que vem mudando a maneira como trabalhamos e vivemos. Isso é perceptível no aumento recente do uso de tudo o que é digital. No mundo estamos assistindo a um crescimento expressivo da utilização de serviços online e de internet de maneira geral. As pessoas precisam que empresas como a nossa estejam lá para elas – e sabemos da responsabilidade que é poder ajudá-las durante esse período sem precedentes, oferecendo segurança e conveniência às transações eletrônicas.
Nas últimas semanas, o número de novos clientes do PayPal aumentou enormemente no mundo inteiro (foram mais de 20 milhões somente no primeiro trimestre de 2020). São consumidores que estão criando sua carteira digital para comprar online, já que ir até uma loja, atualmente, representa um risco desnecessário. O mesmo acontece do lado de quem vende. Atingimos 25 milhões de contas comerciais em abril, empreendedores e empreendedoras que estão buscando formas mais tecnológicas e, portanto, mais seguras, para enfrentar a Covid-19 no mundo todo.
Tendo esse cenário como base, creio que, no Brasil, devemos ver, sim, um aumento da demanda por pagamentos eletrônicos também no pós-pandemia. E isso faz todo o sentido, já que, além dos cuidados que a população passará a ter no contato pessoal, os brasileiros são, desde sempre, entusiastas da tecnologia, aderem rapidamente a novas formas de se fazer as coisas no ambiente digital.
Não tenho receio em dizer que estamos assistindo ao nascimento de uma nova era de pagamentos digitais, e não vamos voltar ao que era antes. Não vamos mais usar tanto dinheiro. Aliás, acho que todos estaremos mais cientes sobre questões de higiene daqui para frente. Costumo dizer que, em uma economia sem dinheiro, trata-se menos do que sentiremos falta do que das vantagens que obteremos. Por isso, também acredito que veremos os QR Codes e demais tecnologias contactless se tornarem mais presentes nas lojas – porque já vinha acontecendo em diversos países, antes mesmo da crise do coronavírus. Só que, agora, essa mudança se dará com uma cadência muito maior.
Quanto mais pudermos digitalizar a economia, mais inclusivos seremos. E precisamos ter certeza de que isso acontecerá, porque os pagamentos digitais são muito mais eficientes. Além disso, custam muito menos, ou seja, representam mais dinheiro na mão daqueles que mais precisam. Ao virtualizar os processos transacionais, podemos tornar os serviços financeiros mais acessíveis, convenientes e seguros, e trazer, pela primeira vez, uma fatia gigantesca da população para a economia global.
Em um país como o Brasil, no qual ainda temos mais de 60 milhões de pessoas desbancarizadas, espero que este triste momento de crise pelo menos se transforme em um ponto de inflexão, porque os benefícios dessa inclusão (e sabemos disso por experiência empírica) serão enormes para toda a sociedade.