A figura do CEO é central para adotar políticas inovadoras e agir em oportunidades de mercado
Por Alexandre Velilla Garcia, CEO do Cel.Lep e sócio-fundador da Valor Real Construções
É comum citar termos técnicos e projetar métricas sistemáticas sobre o funcionamento de uma empresa. De fato, a parte teórica tem suma importância. Sua eficácia, porém, não depende apenas de um plano elaborado com excelência. Deve-se incluir na equação o fator humano, que é o fator chave capaz de construir e conduzir uma trajetória audaciosa e de sucesso.
No fim das contas, é por meio de uma política interna inovadora que se pode almejar, na prática, uma mudança total de patamar. Nesse sentido, a figura do CEO é central e determinante. Quando consciente de sua importância para a organização, ele deve estar sempre atento e pronto para agir corajosamente em relação às oportunidades e possibilidades que se apresentam à empresa. Não há espaço para quem se acomoda.
Para tudo, os riscos existem e sempre existirão, claro. Mas o que realmente importa é a forma como lidamos com eles. Investir apenas no mais seguro parece bastante prudente. No entanto, pode levar à estagnação. Assim, eis a questão: como lidar com as probabilidades e incertezas, ainda mais diante de uma pandemia? Como se preparar para os riscos que decisões ousadas ocasionam?
Ademais, é impossível estabelecer qualquer tipo de reflexão sobre hábitos empresariais sem considerar a influência tecnológica. Soluções digitais não se limitam a aprimorar processos automatizados. Também implicam em transformação cultural e comportamental.
Não por acaso, oito entre dez executivos apontam a transformação digital como determinante para seus mercados de atuação, segundo dados apontados pela Business Impact Insights, em pesquisa realizada pela CI&T. Dentro de uma cultura organizacional, uma série de medidas reforçadas pela tecnologia podem fomentar um cenário favorável à prevenção de obstáculos, proporcionando mais tempo e preparação para enfrentá-los. Se realizado com constância e rigor, o mapeamento servirá como um diagnóstico, precedendo a criação de uma matriz de riscos, que apontará as probabilidades de ocorrência.
Diante disso, o ato de estruturar um departamento voltado para a gestão de riscos é o primeiro passo para que o CEO tenha a tranquilidade e confiança de tomar suas decisões de acordo com sua intuição, conhecimento e visão. Felizmente, o cenário nacional tem se conscientizado nesse sentido. De acordo com estudo realizado pela consultoria Deloitte, em parceria com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), 73% de 165 companhias entrevistadas têm algum tipo de política de contenção de riscos.
Sua empresa pode estar equipada com uma infraestrutura tecnológica de última geração e um setor de análise de riscos extremamente assertivo. Nada disso adiantará, no entanto, se o protagonista dessa constelação de funções não cumprir seu papel, com coragem e audácia. O CEO é a referência, o modelo. No contexto de uma equipe de colaboradores que atuam em diversas frentes, o epicentro está no líder, cabendo-lhe servir de exemplo do caminho que a empresa deve seguir. Se você está disposto a tornar-se um espelho da mentalidade adotada por toda a organização, demonstre, por meio de atitudes e decisões, que o ambiente está inclinado a medidas inovadoras e até disruptivas.
Dito isso, é essencial que se encare com atenção especial o ato de ousar. Lembre-se da célebre frase de Peter Drucker, o pai da administração moderna: “Para ter um negócio de sucesso, alguém, algum dia, teve que tomar uma atitude de coragem”.